PRODUTORES RURAIS DE ARAÇATUBA ALEGAM DIFICULDADE PARA ADQUIRIR VACINAS CONTRA FEBRE AFTOSA
Alerta foi comunicado ao Siran (Sindicato Rural da Alta Noroeste) por associados que não estão encontrando doses na medida certa para a vacinação
29 Maio 2021
Produtores rurais de Araçatuba (SP) alegam dificuldade para adquirir vacinas contra a febre aftosa. A situação foi relatada ao Siran (Sindicato Rural da Alta Noroeste) por associados, como Alberto Figueiredo da Silva, que também é membro da diretoria da entidade. Ele conta que passou por várias casas de produtos agropecuários, sendo que muitas não tinham vacina. Quando encontrou o imunizante, a quantidade era incompatível com a quantidade de animais que ele possui.
“Na única loja que localizei vacina, só havia frasco com 50 doses. Acontece que tenho 17 animais, e como o prazo final da vacinação acaba na próxima segunda-feira, acabei comprando. Fiquei no prejuízo, pois gastei muito mais do que deveria e vou desperdiçar a quantidade restante. Muito pequeno produtor amigo meu, com menos de 10 animais, está na mesma situação, comprando 50 doses”, explica Silva. Segundo o produtor, a resposta do vendedor da loja é que a indústria não está entregando frascos com menos doses, apresentando a pandemia como obstáculo no processo de fabricação e entrega.
De acordo com o presidente do Siran, Fábio Brancato, o sindicato está solicitando atenção à SAA-SP (Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo), e também ao Ministério da Agricultura Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), para que solucionem a questão, sendo que, ao menos, intercedam no sentido de os fabricantes e lojas disponibilizarem doses mais fracionadas aos produtores rurais ou estendam o prazo de imunização.
No Estado
A Faesp (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo) também tem recebido informações sobre o problema. Até o momento, foram relatadas dificuldades para adquirir vacinas também nas cidades de Novo Horizonte, Brotas, Monte Aprazível e Barretos. A Faesp sugere às autoridades que avaliem a extensão da dificuldade de aquisição da vacina e, caso necessário, pleiteie ao Mapa de maior prazo para a realização da campanha de vacinação.
Todo produtor rural do estado de São Paulo que tem bovinos ou bubalinos é obrigado a vacinar os animais contra febre aftosa e a brucelose. A vacinação ocorre nos meses de maio e novembro. De acordo com o SIRAN, os produtores rurais devem ficar atentos à imunização e à declaração, assim como ao recadastramento da sua propriedade, que deverá ser realizado por meio do sistema.
No mês de maio, do dia 1º a 31, é obrigatória a vacinação de todos, desde os bezerros até os adultos; já no mês de novembro, apenas os animais com idade até 24 meses. O produtor deve comprar a vacina em uma loja veterinária autorizada e, depois de vacinar o animal, lançar a informação no Gedave por meio do seu cadastro. A declaração no sistema deve ser realizada até o dia 7 de junho. O produtor que não fizer a declaração via sistema, ficará inadimplente e será multado.
Pandemia e segurança
Apesar das medidas de combate ao novo coronavírus que ainda estão sendo realizadas, as atividades relacionadas à imunização contra as doenças que apresentam alto impacto comercial e em saúde animal, como a febre aftosa, devem ser mantidas. Desta forma, é importante que os proprietários de bovinos e bubalinos busquem adotar medidas que minimizem o contato social para adquirirem as doses da vacina, entrando em contato com as revendas por telefone ou outro meio de comunicação à distância e agendando, quando possível, a entrega diretamente na propriedade rural.
Estados livres da aftosa
Os estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e do Mato Grosso foram reconhecidos internacionalmente como zonas livres de febre aftosa sem vacinação, status concedido pela OIE (Organização Mundial de Saúde Animal).
Ao todo, são mais de 40 milhões de cabeças que deixam de ser vacinadas, o que corresponde a cerca de 20% do rebanho bovino brasileiro. São ainda 60 milhões de doses anuais da vacina que deixam de ser utilizadas, gerando uma economia de aproximadamente R$ 90 milhões ao produtor rural, afirma o Ministério da Agricultura, que anunciou a decisão da OIE na quinta-feira (27). A meta para o Brasil ser todo livre de febre aftosa sem vacinação é em 2026.