POR QUE A ESQUERDA ODEIA O AGRO ?
"Contudo, o principal motivo desse ódio é que, dentro dessa nova agenda, está a sedutora ideia de preservação ambiental, que é intrinsecamente correta, mas que passa a ser prejudicial quando se torna meio para uma ação política e não mais o fim em si"
18 Abril 2022
“Agro é morte”. Essa é a linha ideológica que permeia toda a militância de esquerda, que tem o agronegócio como um dos principais males a serem combatidos. Essa aversão não surge num vácuo histórico, mas tem raízes na própria doutrina marxista original, que aponta o empresário como o inimigo social.
Em essência, não há diferença entre o empresário rural e urbano: ambos organizam fatores de produção com o objetivo de auferirem lucro. Assim, na tradicional ótica marxista, ambos são igualmente exploradores e merecem repulsa.
Não poderia ser de outra forma, já que quem produz tem mais enraizada a já inata noção de propriedade, pois há a legítima pretensão de permanecer com os frutos de seu trabalho, bem como, menor propensão a querer ficar com o que é de outros. Por isso, difícil seduzir os produtores – rurais ou urbanos – com a ideia de tomar o que pertence a terceiros.
Mas, há mais. Notadamente a partir da década de 60, a esquerda teve que abandonar a já surrada e improvável ideia da revolução proletária e se dedicar a pautas culturais, que consistem basicamente em desafiar os valores tradicionais da sociedade, que são muito mais caros aos homens do campo que aos urbanos (ou alguém já viu ‘agroboys’ ou ‘agrogirls’ com o cabelo roxo e piercing na testa?). Isso dificulta a penetração de suas ideias nesse setor e, claro, contribui para o aumento do ranço.
Contudo, o principal motivo desse ódio é que, dentro dessa nova agenda, está a sedutora ideia de preservação ambiental, que é intrinsecamente correta, mas que passa a ser prejudicial quando se torna meio para uma ação política e não mais o fim em si. Isto é, transforma-se a pauta de preservação ambiental em uma pauta de criminalização do produtor rural, pois a esquerda precisa de um vilão.
Isso se faz com basicamente duas acusações: desmatamento e agrotóxicos.
Na primeira, tenta-se imputar os crimes ambientais a todos os produtores rurais, misturando indistintamente criminosos e cumpridores da lei. Pega-se a exceção e tenta-se transformá-la em regra. Não se menciona que propriedades privadas preservam área equivalente à quatro Franças, nem que o emprego da tecnologia criou e consolidou a tendência de aumento de produção sem aumento de área utilizada, na qual o Brasil é referência e que beneficia, sobretudo, as florestas.
Na segunda, quer-se passar a impressão que o produtor rural usa os agrotóxicos indiscriminadamente, o que soa absolutamente implausível e, de fato, é inverídico. Os defensivos são utilizados em todo o mundo e o Brasil é o 44º país mundial em seu emprego, sendo que por aqui estes são rigorosamente aprovados e tidos como seguros pela Anvisa (sim, a mesma que aprova vacinas, decidam-se). Nem se fale que, se hoje os agrotóxicos fossem proibidos, amanhã haveria uma crise alimentar sem precedentes.
Desse modo, embora o ódio esquerdista ao agronegócio seja projetado em acusações folclóricas, isso basta para seduzir jovens impressionáveis que se enxergam numa legítima cruzada pelo meio ambiente, e não como marionetes políticas. E, a partir do momento em que esses jovens influenciarem decisivamente a elaboração de leis, o agronegócio, o meio ambiente e os brasileiros terão sérios problemas.
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