OPERAÇÃO RAIO-X ENTRA NA QUINTA FASE E MIRA EX-GOVERNADOR MÁRCIO FRANÇA
Polícia encontrou indícios de que ele estaria ligado ao médico Cleudson Garcia Montali para os desvios de dinheiro público da área da Saúde
05 Janeiro 2022
A Polícia Civil de Santos (SP) deflagrou na manhã desta quarta-feira (5), a quinta fase da Operação Raio-X, resultado de investigação da Polícia Civil de Araçatuba (SP) sobre suposta organização criminosa especializada no desvio de dinheiro público da área da Saúde.
Com base no compartilhamento de informações apuradas nas fases anteriores, a Deic (Divisão Especializada de Investigações Criminais) de Santos representou pelos mandados de busca e apreensão, que foram concedidos pela Justiça local.
A reportagem do Portal apurou que há mandados para serem cumpridos em Clementina, em endereços ligados ao médico anestesista Cleudson Garcia Montali, já condenado a mais de 200 anos de prisão em processos da Justiça de Penápolis e de Birigui, e à mulher dele, também investigada.
Contratos
Policiais também fariam buscas na Santa Casa de Pacaembu e em órgãos de saúde do governo do Estado que tiveram contratos com OSSs (Organizações Sociais de Saúde) ligadas a Cleudson, considerado líder do suposto esquema criminoso.
Ainda de acordo com o que foi apurado pela reportagem, a polícia encontrou indícios de que Cleudson estaria ligado ao ex-governador para atuar nos desvios de dinheiro público. Outro alvo desta quinta fase da operação é um irmão de Márcio França, o médico Cláudio França, que também faria parte do suposto esquema.
Influência
Em 6 de novembro de 2020, matéria sobre o depoimento de Cleudson à CPI das Quarteirizações, na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), quando a deputada Analice Fernandes (PSDB) destacou a influência política do médico condenado.
Ela citou que os primeiros contratos da OSS Santa Casa de Pacaembu foram assinados no período em que o então vice-governador Márcio França (PSB) assumiu o governo de São Paulo, em 2018, após Geraldo Alckmin (PSDB) se afastar para concorrer à presidência.
“O que causou estranheza é que imediatamente quando muda o governo, a entidade que estava pedindo essa qualificação há bastante tempo recebe a qualificação e se torna uma OS que assim, imediatamente, assina contratos e contratos milionários com o governo”, argumentou a deputada.
Na época Cleudson era filiado ao PSB e foi reconduzido por Márcio França ao quadro de funcionário público do Estado, anos após ter sido exonerado por responder processo por improbidade administrativa do período em que foi diretor regional de Saúde de Araçatuba.
Em setembro de 2020 o médico foi condenado pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) à perda do cargo público e dos direitos políticos, após ele ter sido absolvido em primeira instância.
A reportagem não conseguiu contato com a assessoria do ex-governador, que é advogado regularmente inscrito na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Por isso, os mandados ligados a ele são acompanhados pela OAB.